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ECONOMIA - Essas empresas fugiram do tradicional e ganharam mercado



Com a história do varejo muito mais voltada ao volume, à escala e multiplicação de padrões, passamos décadas vendo marcas copiarem as movimentações umas das outras. Agora, vivendo a era da personalização, o que temos são empresas em busca de individualizar as suas trajetórias.

Parecendo provocação em um segmento que inova pouco, a fabricante de veículos elétricos Jidu inaugurou uma nova loja chamada Roboverse em Pequim, na China, para lançar o modelo Robocar. A marca é uma colaboração entre a montadora chinesa Geely com a líder em inteligência artificial Baidu. 

Totalmente futurista, o carro-robô promete mudar os rumos da indústria automobilística. Bem diferente dos que circulam nas ruas em todo o mundo, o veículo não tem maçanetas e suas portas são abertas por um sistema de reconhecimento do motorista.

As portas dianteiras abrem para cima, como carros esportivos de alto luxo. Seus faróis são verticais e utilizam tecnologia para projetar alguns desenhos em 3D, como um boneco que atravessa a rua, o que lhe permite automaticamente dar preferência aos pedestres na via.

Para isso, utiliza um sistema de radares a laser, escondidos sob o capô e na parte traseira, que escaneia o trajeto e transmite as informações para a tela central de comando. Também é possível prever a aproximação de outros veículos e eventuais bloqueios na pista, impedindo acidentes.

O modelo já tem a capacidade de reconhecer as emoções do usuário e interagir com o mundo exterior por meio de um sistema de interação de voz com alta taxa de reconhecimento que permite uma comunicação entre humanos e veículo até fora do carro.

Dentro da loja, a jornada do consumidor não fica para trás. Tudo começa com os visitantes digitalizando um código QR como chave para toda a experiência.

No aplicativo é possível personalizar o avatar que atua como seu guia de showroom via WeChat, com o passeio moldado por suas respostas a perguntas sobre seus interesses e necessidades. Tudo potencializado por IA. Há ainda um super café onde um robô é responsável pela preparação de bebidas inusitadas. 

Vale lembrar que a China tem o maior mercado de veículos elétricos do mundo, puxado por startups que usam a tecnologia para fazer essa indústria crescer em um ritmo muito mais rápido do que o resto do mundo e também por conta de suas políticas governamentais.

Até o fim deste ano, a indústria automobilística chinesa de carros elétricos deve alcançar 60% das vendas globais.

Todo este contexto, segundo Robério Dias, consultor de tecnologia para varejo, impõe aos lojistas a necessidade de revisar seu modelo de negócio a todo momento. E isso não se restringe a seus produtos e serviços, mas também na interação com os clientes.

Com o sucesso dos modelos de negócio diferentes e propostas de valor cada vez mais personalizadas, romper com o tradicional e construir modelos mais ativos pode gerar grandes receitas.

Por mais ativos, Dias quer dizer ações transitórias, que impulsionam os resultados durante algum tempo, mas que sejam sustentadas, constantemente, por novos estímulos, na medida em que as velhas propostas evoluam. 

Nas palavras do especialista, a astúcia dessa dinâmica está em abandonar o hábito de concentrar-se em seus próprios produtos e processos e mirar no ponto de vista do cliente - o que ele gostará de ver daqui três anos? O que ele ainda não viveu este ano?

DO METAVERSO À REALIDADE

Uma tarefa que, ao que tudo indica, a marca Loewe aprendeu com louvor. Pela análise da Lyst, que é focada em comportamento de compra, as buscas pela marca subiram 19% nos últimos meses. Esse recorte considera visualizações de produtos, vendas, menções em mídias sociais e engajamento para produzir o ranking global.

Na última edição do Paris Fashion Week, a marca fez o caminho inverso da maioria. Em vez de levar suas peças ao metaverso, a Loewe levou o metaverso para a passarela. Muitos looks como moletons, camisetas e calças com bordas irregulares e sombras borradas (na foto que abre essa matéria) pareciam reproduzir perfeitamente o efeito pixelado. 

Fundada em 1846, a marca espanhola pertence ao grupo LVMH e tem sido apontada como a empresa que melhor materializa a inversão de um movimento que tem acontecido na moda - levando peças do metaverso para o mundo físico.

Outro ponto interessante, e que a diferencia, é o flerte da marca com artesanato e design nas suas mais variadas tangibilizações: roupas, acessórios, móveis e perfumes.

A coleção “chairs”, por exemplo, exibida há pouco tempo durante a Feira de Design de Milão, reimagina o design numa pegada despretensiosa explorando a ráfia, o couro e fibras metálicas de um jeito inovador.

Essa veia artesanal diz muito sobre a origem da marca, pois ela surgiu da união do alemão Enrique Loewe com um grupo de artesãos de couro. A marca, inicialmente focada apenas em bens duráveis feitos de couro, teve uma série de clientes notórios, incluindo a Rainha Vitória Eugênia, da Espanha, Ernest Hemingway e Ava Gardner.

Aos poucos, o negócio foi crescendo. Em 1970, expandiu para ready-to-wear e perfumaria e em 1986, o grupo LVMH adquiriu os direitos da distribuição internacional da Loewe, até ser comprada pela grife em 1996.

Até então, o público da Loewe era tradicional e conservador - algo que começou a ser mudado com o trabalho de Jonathan Anderson, diretor criativo que atua desde 2010 na empresa. Desde então, a marca tem explorado as collabs com potencial viral junto a celebridades para se manter constantemente na mídia.

A coleção do verão 2016 foi uma virada de chave na marca - com referências à cultura pop e a desenhos japoneses. Foi ainda nesta época que astros do hip-hop, incluindo ASAP Rocky e Jay-Z, começaram a usar peças da grife, apelando para audiências mais jovens e modernas.

Daí em diante, os designs virais e fashionistas de Anderson catapultaram a marca ao estrelato com roupas muito performáticas. Entre as de maior repercussão estão os looks mais recentes de Rihanna no Super Bowl (todo vermelho) e a roupa estampada com mãos usada pela Beyoncé na tour atual.

Fonte: Diário do Comércio

 
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