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CONTABILIDADE CRIATIVA - Contabilidade criativa é uma vergonha para o capitalismo, afirma Buffet



O investidor e filantropo americano, Warren Buffett, constantemente citado na lista da Forbes das pessoas com maior capital do mundo e considerado o mais bem sucedido investidor do século XX, decidiu abrir no último sábado (25) a sua carta anual aos investidores da Berkshire, que investe em nomes como Coca-Cola, Apple e American Express.

A carta tem sido escrita há cerca de seis décadas e se tornou uma espécie de tradição, lida por investidores em todo o mundo. No documento de 11 páginas, o investidor reforça a tolerância zero com a falta de ética, fraudes, manipulações de números e a chamada contabilidade criativa. 

Em meio à crise da Lojas Americanas, que tem o trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles como acionistas de referência, Buffet afirma que práticas agressivas de contabilidade criativa, usualmente defendidas como sofisticadas por CEOs, “são nojentas” e “uma vergonha para o capitalismo”.

“Somos compreensivos com erros de negócios, mas nossa tolerância para más condutas pessoais é zero”, disse Buffett, em trecho que ressalta a importância da confiança no universo de negócios.

Contabilidade criativa

É importante ressaltar que o investidor não cita empresas ou executivos quando aborda questões contábeis e idoneidade. Desde a carta de 2017, ele comenta que uma mudança de métricas de contabilidade exigida pelos próprios reguladores permite uma visão irreal de números de desempenho de algumas companhias.

Mas seus destaques não deixam de ser curiosos pela sociedade. Buffett diz logo no início da carta que a Berkshire investe de duas formas – a primeira é comprando controle ou companhias inteiras, em que ela escolhe o CEO.

"Quando grandes empresas estão sendo administradas, tanto a confiança quanto as regras são essenciais. A Berkshire enfatiza a primeira em um grau incomum, alguns diriam extremo. As decepções são inevitáveis. Entendemos perfeitamente equívocos no campo dos negócios, mas nossa tolerância para má conduta pessoal é zero", escreveu.

O outro modelo da Berkshire é investir sem deter o controle e, portanto, confiando na gestão de terceiros. “Nosso objetivo, nos dois formatos, é fazer investimentos significativos em negócios com característica duradoura no quesito econômico e de confiabilidade de gestão”.

Em outro ponto, Buffett fala sobre as regras contábeis, mais uma vez criticando o GAAP, métrica obrigatória para companhias listadas nos EUA que o guru considera um tanto distorcida. 

"O valor do GAAP, sem nosso ajuste, flutua de forma selvagem e caprichosa a cada relatório. Observe seu comportamento acrobático em 2022, o que não é incomum. Os GAAP são 100% enganosos quando vistos trimestralmente ou mesmo anualmente”, diz. 

“Os ganhos de capital, com certeza, foram extremamente importantes para a Berkshire nas últimas décadas e esperamos que sejam significativamente positivos nos próximos anos também. Mas suas oscilações trimestre a trimestre, que a mídia reporta, apenas desinformam os investidores."

Buffett prefere acompanhar lucros operacionais ao invés da última linha. A métrica mais assertiva, no entanto, não protege da falta de ética. "Um alerta importante: mesmo o lucro operacional pode ser facilmente manipulado por administradores que assim o desejarem", ressalta Buffett. “Tal adulteração é muitas vezes vista como sofisticada por CEOs, conselheiros e seus assessores. Repórteres e analistas também abraçam sua existência. Bater as ‘expectativas’ é anunciado como um triunfo gerencial.”

O megainvestidor ressalta a falta de ética nos casos de alteração dos números: "Essa atividade é nojenta. Não é necessário nenhum talento para manipular números: é preciso apenas um profundo desejo de enganar. A “contabilidade criativa ousada”, como um CEO certa vez me descreveu, tornou-se uma das vergonhas do capitalismo”, finaliza.

Fonte: Contábeis

 
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